Este livro trata de questões relativas à participação e inclusão de mulheres enquanto pesquisadoras no universo acadêmico da Universidade Federal de Minas Gerais, a partir do enfoque das relações de gênero. Num primeiro momento, foi realizado um levantamento quantitativo e qualitativo acerca das assimetrias de gênero entre docentes (mulheres e homens) nos 74 cursos de pós-graduação strictu sensu (mestrado e mestrado/doutorado) da Instituição. Em seguida, foram realizados 17 entrevistas individuais em profundidade com professoras pesquisadoras de diferentes áreas de conhecimento e cursos, em que se abordou temáticas como suas trajetórias escolares e acadêmicas bem como suas percepções sobre os motivos para a permanência das desigualdades numéricas entre mulheres e homens na UFMG que, embora não agudas, não são desprezíveis, e, ainda, estruturam veladamente a vida acadêmica da instituição, conforme foi apontado em relação à distribuição de homens e de mulheres em alguns cursos, pelos níveis de carreira (docentes titulares, associados e adjuntos) e à produção científica de itens valorizados como, por exemplo, a publicação de artigos em periódicos científicos conceituados.
Entre as constatações mais significativas está o fato de que em apenas duas grandes áreas científicas, de um total de seis, as mulheres constituem pequena maioria: Ciências Humanas, Letras & Artes; e Ciências da Saúde. No que se refere aos dados coligidos a partir das entrevistas dialogadas, pode ser ressaltado que: 1) quase todas as entrevistadas se viam e eram vistas como ótimas alunas; 2) elas entendem tais diferenças percentuais e de produtividade científica entre mulheres e homens mais como o resultado do modelo de vida doméstico e familiar próprio da sociedade brasileira do que como resultado; e, 3) do modo como as regras acadêmicas e científicas se organizam ao longo do tempo no Brasil, isto é, há uma difusa percepção entre as próprias mulheres de que a estruturação das normas e de promoção na carreira, ao buscarem ser iguais para todos, acabam por se balizar na realidade de vida masculina enquanto modelo profissional.
Avaliações
Não há avaliações ainda.